A viscossuplementação é a reposição das propriedades reológicas do líquido sinovial (LS) através da injeção de ácido hialurônico (AH) de alto peso molecular (PM) dentro do espaço intra-articular. Existe na Europa há mais de dez anos; no Canadá, desde 1992; nos Estados Unidos, desde 1997; e no Brasil, desde 1999 (Cohen, 2002 e Rezende, 2006). A viscossuplementação baseia-se na reposição do líquido sinovial, ou seja, na colocação dentro do joelho de líquido semelhante àquele normalmente produzido para lubrificar a articulação
Sabe-se que o LS de articulações artrósicas (OA) apresenta elasticidade e viscosidade muito inferiores àquelas de articulações normais. Esta viscoelasticidade diminuída altera a força de transmissão mecânica à cartilagem, aumentando sua suscetibilidade a traumas mecânicos e ao desgaste natural. A diminuição das propriedades reológicas do LS resultam de um tamanho molecular menor e de uma concentração menor de hialuronato no LS. Isso levou ao conceito do tratamento de viscossuplementação da OA do joelho por meio da infiltração de hialuronato ou de seus derivados numa tentativa de retornar a elasticidade e a viscosidade do LS ao normal (Cohen, 2002 e Rezende, 2006).
As propriedades viscoelásticas do AH dão ao LS propriedades de absorção de choque e de lubrificação, enquanto seu tamanho molecular grande e hidrofilia servem para reter fluido na cavidade articular. O AH restringe a entrada de proteínas plasmáticas grandes e de células no LS, mas facilita a troca de solutos entre os capilares da sinóvia, a cartilagem e outros tecidos articulares. O AH forma uma capa pericelular ao redor das células, interage com mediadores pró-inflamatórios e se liga a receptores celulares tais como determinante de clones (cluster determinant -CD) 44 e receptor para motilidade mediada por hialuronato (RHAMM), onde modula a proliferação celular, a migração e a expressão genética. Todas estas propriedades físico-químicas e biológicas do AH são dependentes do PM (Rezende, 2006; Holm et al., 1997).
O líquido sinovial encontra-se dentro das articulações e tem como objetivos lubrificar e nutrir a cartilagem.
Acredita-se que na osteoartrite (artrose de joelho) esse líquido não está desempenhando sua função de forma adequada. Em decorrência deste fato, medicamentos com intuito de mimetizar o líquido sinovial foram desenvolvidos e vem sendo utilizados na prática médica.
A literatura médica apresenta diversos trabalhos científicos sobre o assunto. Um recente levantamento da literatura médica ("Análise dos resultados com uso do Hilano G-F20 para viscossuplementação no tratmento da osteoartrite de joelhos" - Bellamy N e autores, The Cochrane Library, Janeiro, 2009) descreve a eficácia deste tipo de tratamento no controle da dor nos pacientes com osteoartrite de joelho.
O tratamento baseia-se na realização de injeções deste remédio dentro do joellho. Isto é realizado no consultório médico.
O paciente pode andar e seguir suas atividades poucos minutos após as injeções.
Geralmente são necessárias algumas aplicações (ao redor de três aplicações), mas essa análise é realizada caso a caso.
Como toda injeção no joelho, esse tratamento não é totalmente inerte a complicações. Apesar de muito rara, uma complicação possível de ocorrer é infeção no joelho em decorrência de entrada de bactérias no momento da injeção. Trata-se de uma complicação extremamente rara e os cuidados de assepsia são realizados para minimizar este tipo de risco.
Também é sabido que em pessoas com osteoartrite mais avançada o tratamento com viscossuplementação é pouco eficaz.
Este tipo de tratamento pode ser realizado isoladamente ou em conjunto com outras modalidades de tratamento como fisioterapia e anti-inflamatórios.
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